Ausência de reajustes e de concursos fazem gastos com funcionalismo atingirem menor nível em 14 anos

De acordo com dados da Agência Brasil, com base em estatísticas do Tesouro Nacional, as despesas com servidores públicos federais ativos e inativos encerrou o primeiro semestre no menor nível em 14 anos. O congelamento de salários, a falta de concursos públicos e o adiamento de precatórios contribuíram para esta queda. As consequências, entretanto, não refletem economia, e sim piora na qualidade do serviço público oferecido à população,  precarização das condições e relações do trabalho e queda no número de servidores, sem reposição adequada.

Foram gastos R$ 157,4 bilhões com o funcionalismo público no primeiro semestre deste ano. O montante das despesas é o mais baixo para o primeiro semestre desde 2008, quando estava em R$ 139,7 bilhões, também em valores corrigidos pela inflação.

Thiago Mathias Genro Schneider, advogado da RCSM Advocacia, destaca que o cenário de enfraquecimento do setor público reflete diretamente na diminuição do interesse em trabalhar na administração.

— Dos dados apresentados, neste conjunto de diminuição das funções do Estado brasileiro, chama a atenção a redução do número de servidores federais na ativa: 60 mil a menos num período de 42 meses, ou redução de 10% do quadro em menos de 4 anos. O serviço público está deixando de ser uma opção atrativa, o que ainda apenas subsiste em razão da estabilidade que, aliás, o Governo Federal tentou retirar na proposta de reforma administrativa.

A ausência de reajustes salariais atinge os servidores desde junho de 2020, quando foi aprovada a Lei 173, que congelou os salários para garantir ajuda a estados e municípios afetados pela pandemia de Covid-19. Em 2022, porém, depois de acenar com uma reposição, o Governo descartou reajustes e não enviou projeto de lei dentro do prazo legal, de acordo com a lei eleitoral. Não bastasse o congelamento salarial, a Emenda Constitucional 114 permitiu o parcelamento de precatórios de grande valor até 2026.

Apesar da importância do funcionalismo como elo entre a administração pública e a população nas escolas, nos hospitais, na segurança pública e em todos os setores que prestam serviços ao povo, a diminuição do número de servidores e a precarização dos serviços não demonstram ser uma preocupação do governo. 

Foto: ANDES/UFRGS

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